A edium editores e o autor, Xavier Zarco, convidam V.Ex.a a estar presente no lançamento, no Porto, do livro de poesia: Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros, que foi distinguido com o Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2007, certame organizado pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em sessão a realizar no sábado, dia 29 de Setembro de 2007, pelas 15h30, no Auditório do Clube Literário do Porto (Rua Nova da Alfândega, 22). A apresentação da obra será feita pela poetisa Ana Maria Costa e pelo poeta Luís Monteiro da Cunha. Integrado neste evento haverá um espectáculo de dramatização, bailado e música.
Anotações Críticas à obra de Xavier Zarco
O Fogo A Cinza, de Xavier Zarco, que obteve o prémio na modalidade de “poesia”, ganha sentido a partir deste par de palavras, aparentemente de sentido paradoxal, mas inevitável, uma vez que uma – a cinza – é consequência do outro – o fogo. O fogo e a cinza acabam por prefigurar dois momentos de um processo, o da construção do poema sobre a bigorna, com o auxílio do fole e do malho, saindo, de objectos tão estridentes, a palavra alada, múltipla de significações e de poderes.
Para este poeta, a palavra é o centro do trabalho oficinal – ela integra um corpo e é moldada, de forma a integrar um poema pela sua qualidade de ser “alada”. Mas o trabalho da palavra chega à sua decomposição, isto é, ao processo que o poeta-artesão enceta, fazendo de cada malho uma sílaba para que de cada poema nasça um corpo, as labaredas do fogo.
A palavra forjada vira arte e poema, resulta de trabalho. A memória é a cinza, o que resta, depuração e essência ou fruto e consequência. Assim o poeta poderá dizer:
remexe a tenaz a madeira
afaga-lhe lento o fogo
a face
esboça-lhe o caminho de ser cinza
Neste texto O Fogo A Cinza, a palavra é valorizada enquanto processo de nomeação, enquanto elemento de uma construção de um edifício que o poema tem de ser. Daí que, como o poeta diz,
é na casa do poema
em seus rituais
que se decifram todos os sentidos
João Reis Ribeiro
Sessão de apresentação do livro
"VII Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage"
no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal
em 21 de Dezembro de 2005
A plasticidade do verso, seu encontro nas arrestas da página, parece ser o motor primeiro deste autor. Ao nascer, a poesia faz-se emblemática. Um leve toque de percepções pictóricas lava o verbo, enxuga as palavras. Mas isto até um certo ponto, pois Zarco não se rende completamente ao império do silêncio.
Compactuando com a docilidade de palavras muitas vezes virgens, cataliza momentos de extrema beleza. Desenham-se quadros na página branca. Talvez o poeta se esqueça da lição fundamental de Verlaine "antes de tudo, a música", mas é que as imagens são fortes demais. Não é à toa que cita Munch, em A VISÃO, poema despertado e subitamente surpreendente.
De pleno, nada descubro
no horizonte. A magia não brota
na chama fugaz de um olhar
que não se espanta com a luz.
Eis um quarteto construído com duras lapidações. Enxergam-se elipses em cada verso. São frestas em um muro intransponível. O verso se arrasta quase naturalmente, se não fosse a síncope, que nos lembra a calma refletida de peças para o piano de Schoenberg. Não mentem as filiações. Muita vez vejo Fernando Pessoa em Zarco. D'outra feita, é mesmo o lirismo ruborizado, o refrescar-se de Garcia Lorca. Referências mediterrâneas, bem escondidas, com arte, como deve ser.
A memória é um material sempre fértil para os poetas, e Zarco apreende o sentido profundo do desdobrar sobre si mesmo: As mão do homem solitário é que prepararão o futuro, já que elas erram menos, disse-nos Rilke. E é isso que eu vejo nas criações do colega luso.
Andityas Soares de Moura (Brasil)
Poesia de uma concisão enormemente sugestiva.
José Luís García Martín (Espanha)
O corpo e a letra deste Autor são um "vaso onde as vozes se entregam ao desejo de voar". Para Xavier Zarco, efectivamente, fazer Poesia é escrever "o murmúrio do vento no dorso alado dos cavalos do verso". Amada, alada, e aureolada lição, murmurar ou ler este livro é dar asas ao dervixe e à dança que existe no cosmos.
Artes & Letras (Fevereiro de 1999)
É a paisagem das letras no desejo implícito de uma realização sublime em final infinito.
Folha de Santa Clara (Outubro de 1998)
Hermosísima su poesía.
Ana Emília Lahitte (Argentina)
Para este poeta, a palavra é o centro do trabalho oficinal – ela integra um corpo e é moldada, de forma a integrar um poema pela sua qualidade de ser “alada”. Mas o trabalho da palavra chega à sua decomposição, isto é, ao processo que o poeta-artesão enceta, fazendo de cada malho uma sílaba para que de cada poema nasça um corpo, as labaredas do fogo.
A palavra forjada vira arte e poema, resulta de trabalho. A memória é a cinza, o que resta, depuração e essência ou fruto e consequência. Assim o poeta poderá dizer:
remexe a tenaz a madeira
afaga-lhe lento o fogo
a face
esboça-lhe o caminho de ser cinza
Neste texto O Fogo A Cinza, a palavra é valorizada enquanto processo de nomeação, enquanto elemento de uma construção de um edifício que o poema tem de ser. Daí que, como o poeta diz,
é na casa do poema
em seus rituais
que se decifram todos os sentidos
João Reis Ribeiro
Sessão de apresentação do livro
"VII Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage"
no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal
em 21 de Dezembro de 2005
A plasticidade do verso, seu encontro nas arrestas da página, parece ser o motor primeiro deste autor. Ao nascer, a poesia faz-se emblemática. Um leve toque de percepções pictóricas lava o verbo, enxuga as palavras. Mas isto até um certo ponto, pois Zarco não se rende completamente ao império do silêncio.
Compactuando com a docilidade de palavras muitas vezes virgens, cataliza momentos de extrema beleza. Desenham-se quadros na página branca. Talvez o poeta se esqueça da lição fundamental de Verlaine "antes de tudo, a música", mas é que as imagens são fortes demais. Não é à toa que cita Munch, em A VISÃO, poema despertado e subitamente surpreendente.
De pleno, nada descubro
no horizonte. A magia não brota
na chama fugaz de um olhar
que não se espanta com a luz.
Eis um quarteto construído com duras lapidações. Enxergam-se elipses em cada verso. São frestas em um muro intransponível. O verso se arrasta quase naturalmente, se não fosse a síncope, que nos lembra a calma refletida de peças para o piano de Schoenberg. Não mentem as filiações. Muita vez vejo Fernando Pessoa em Zarco. D'outra feita, é mesmo o lirismo ruborizado, o refrescar-se de Garcia Lorca. Referências mediterrâneas, bem escondidas, com arte, como deve ser.
A memória é um material sempre fértil para os poetas, e Zarco apreende o sentido profundo do desdobrar sobre si mesmo: As mão do homem solitário é que prepararão o futuro, já que elas erram menos, disse-nos Rilke. E é isso que eu vejo nas criações do colega luso.
Andityas Soares de Moura (Brasil)
Poesia de uma concisão enormemente sugestiva.
José Luís García Martín (Espanha)
O corpo e a letra deste Autor são um "vaso onde as vozes se entregam ao desejo de voar". Para Xavier Zarco, efectivamente, fazer Poesia é escrever "o murmúrio do vento no dorso alado dos cavalos do verso". Amada, alada, e aureolada lição, murmurar ou ler este livro é dar asas ao dervixe e à dança que existe no cosmos.
Artes & Letras (Fevereiro de 1999)
É a paisagem das letras no desejo implícito de uma realização sublime em final infinito.
Folha de Santa Clara (Outubro de 1998)
Hermosísima su poesía.
Ana Emília Lahitte (Argentina)
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variações sobre tema de vítor matos e sá:
a invenção de eros
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edium editores
setembro
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A edium editores tem o prazer de anunciar a edição em livro (Setembro 2007) da obra poética de Xavier Zarco Variações sobre o tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros.
Este trabalho, consagrado em 2007 com o prémio de poesia Vítor Matos e Sá, instituído pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, evolui em torno de excertos, como título indica, do poema magno de Vítor Matos e Sá, Invenção de Eros. Prefácio à obra de José Félix.
Xavier Zarco, pseudónimo de Pedro Manuel Martins Baptista, que nasceu em Coimbra em 1968. Publicou em livro: O livro dos murmúrios, Palimage Editores, Viseu, Portugal, 1998; O guardador das águas, Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2004, organizado pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 2004, livro prefaciado por Andityas Soares de Moura, Mar da Palavra, Coimbra, Portugal, 2005; O fogo A cinza, Prémio de Poesia do Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage - 2005, promovido pela LASA - Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, em 2005, LASA, Setúbal, 2005.
Em formato electrónico, pela Virtualbooks (Brasil) editou: No rumor das águas, 2001; Acordes de azul, 2002; Palavras no vento, 2003; In memoriam de John Lee Hooker, 2003; Ordálio, 2004; O ciclo do viandante, 2005; Stanley Williams, 2006; À beira do silêncio, 2006; Afluentes do poema, 2006; e Trinta mais uma odes, 2007; e pela ArcosOnline (Arcos de Valdevez, Portugal), Monte maior sobre o Mondego, Menção Honrosa (Poesia) do Prémio Literário Afonso Duarte - 2004, organizado pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, 2006.
Em DVD, encontra-se registrado: Hino de Santa Clara, Poema vencedor do Concurso para a letra do Hino da Freguesia de Santa Clara, promovido pela Junta de Freguesia de Santa Clara, em 2004, dvd, Junta de Freguesia de Santa Clara, 2005.
Inéditos: O livro do regresso, Prémio de Poesia Raúl de Carvalho - 2005, promovido pela Câmara Municipal do Alvito; e Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: A Invenção de Eros, Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2007, organizado pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Em formato electrónico, pela Virtualbooks (Brasil) editou: No rumor das águas, 2001; Acordes de azul, 2002; Palavras no vento, 2003; In memoriam de John Lee Hooker, 2003; Ordálio, 2004; O ciclo do viandante, 2005; Stanley Williams, 2006; À beira do silêncio, 2006; Afluentes do poema, 2006; e Trinta mais uma odes, 2007; e pela ArcosOnline (Arcos de Valdevez, Portugal), Monte maior sobre o Mondego, Menção Honrosa (Poesia) do Prémio Literário Afonso Duarte - 2004, organizado pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, 2006.
Em DVD, encontra-se registrado: Hino de Santa Clara, Poema vencedor do Concurso para a letra do Hino da Freguesia de Santa Clara, promovido pela Junta de Freguesia de Santa Clara, em 2004, dvd, Junta de Freguesia de Santa Clara, 2005.
Inéditos: O livro do regresso, Prémio de Poesia Raúl de Carvalho - 2005, promovido pela Câmara Municipal do Alvito; e Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: A Invenção de Eros, Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2007, organizado pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
invenção de eros - vítor matos e sá
Fui procurar-te para ser contigo
quando colhi das horas que invadias.
Colhi da própria dor um nome amigo
que fosse o nome exacto em que virias.
Da límpida substância dos teus risos
fui-te inventando dentro dos meus braços
e os sóis mais densos puros e precisos
vieram dar-me a sombra dos teus passos.
E já não eram meus senão de erguê-los,
a tua face e os lábios e os cabelos
e o teu olhar para ninguém voltado.
Mas quem, o pleno amor de que nascias
se o deus que a ti igual encontrarias
ficou, pelo teu olhar, desabitado?
Horizonte dos Dias, Portugália Editora, 1952
sobre vítor matos e sá
Vítor Matos e Sá, pseudónimo de Vítor Raul da Costa Matos, nasceu em Maputo, antiga Lourenço Marques, em 1926, e faleceu em Espanha em 1975 vitimado por um acidente de viação. Licenciou-se e doutorou-se em filosofia pela Universidade Coimbra, vindo a ser director do Instituto Filosófico da mesma universidade. Entre 1964 e 1970, faz vários estágios em Inglaterra. Colaborou, como poeta, na Távola Redonda, na Árvore, nos Cadernos do Meio-Dia, em Eros, etc. Publicou em vida as colectâneas O Horizonte dos Dias (1952), O Silêncio e o Tempo (1956) e O Amor Vigilante (1962. É publicada postumamente Companhia Violenta (1980), que reúne vários inéditos. Em 2000, foi publicada pela Campo das Letras Poesia de Vítor Matos e Sá, edição completa da sua obra poética organizada por Ana Paula Coutinho Mendes.
Fonte: Projecto Vercial
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